Sem você não dá. Não durmo, não me concentro pra fazer mais nada, vou acabar desempregado, endividado, bêbado e jogado pelas ruas. Escreve isso: vão me ver cercando frango nas esquinas da vida. Meio fio vai virar travesseiro, chafariz banheiro. Vou reciclar papelão como cobertor.
Desde que você apareceu na minha vida, e lá se vão dez anos, eu admito que me acomodei. Ganhei barriga – e foi você me fez ganhar gosto pela cozinha com suas dicas -, sei que eu passava horas e horas aqui jogado. Mas era bom demais. Pra que sair, ficar em lugares lotados, com gente chata. Em casa a gente se curtia muito. Nunca me dei conta de como amava as coisas mais simples. Caramba, que saudades.
Dá não. Como é que vou ficar sem suas histórias, sem seus dramalhões exagerados, esquisitices bregas. É sério, não sei ficar sem você. Não tenho muitos amigos pra receber em casa, só de vez em quando eles vinham nos domingos à tarde, mas eu sempre soube que eram mais seus amigos do que meus. Vou me destruir sem você, tô dizendo. Esse papo de focar no trabalho quando se perde alguém é balela, conversa. Nem ler eu leio. Vou chorar um oceano.
Quando me vi sem você eu pirei. Repetia o número no telefone uma, dez, cem vezes. Mesmo sabendo que eu não ia ouvir o que eu queria: sua volta rápida pra casa. A conversa nunca chegava ao fim, nada fazia sentido pra mim. Pior ainda quando eu ficava com a falsa sensação de que um dia você ia voltar. A tristeza se transformava em ódio pelo descaso do outro lado da linha. Me humilhei, me estressei, e nada.
Todo mundo dizia que você já estava ficando meio chata, repetitiva, mas eu ficava como um bobo, atônito, ouvindo tudo o que você me dizia. E bem num momento desses, quando eu estava vidrado em você, você simplesmente se foi. Tudo ficou cinza. Bem na hora do meu seriado favorito...Volta NET, funciona! Volta pra mim!
Nenhum comentário:
Postar um comentário