"Cada um de nós compõe a sua história. Cada ser em si carrega o dom de ser capaz. De ser feliz. Só levo a certeza de que muito pouco eu sei. Eu nada sei."
Idéias. Um observatório de idéias. Sem bloqueios. Sem um critério rígido. Imagens, pensamentos, sonhos, dúvidas. E sorrisos.

domingo, 27 de dezembro de 2009

espero.

espero um ano novo. novo.

espero estar com os amigos.
espero enlouquecer.
espero correr.
espero criar.
espero escrever.
espero filmar.
espero fotografar.
espero contar histórias.
espero ver rostos atentos.
espero viver o Rio.
espero fazer gente feliz.
espero fazê-la feliz.
espero intensidade.
espero ver os sobrinhos crescendo.
espero ser feliz em família.
espero fazer diferença.
espero ajudar.
espero tocar.
espero ouvir.
espero crescer.
espero ser forte.
espero refletir.
espero meditar.
espero aprender.
espero muita coisa.

espero nada.
vou buscar.
me ajuda?





sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Um Natal Feliz.
O que é "Feliz"?
Sempre achei que ser feliz é sorrir. Simplista talvez. Mas gosto de ver o sorriso como o termômetro, o sintoma, a demonstração do que é um momento de felicidade. E ser feliz é ter muitos momentos assim.
Meu desejo de um feliz Natal neste ano tem uma referência. A de um menino que vive em um dos lugares mais pobres do mundo. Pobre de recursos, de dinheiro, de saúde. Mas não de sorrisos. Nas margens do lago Malawi eu descobri valores diferentes.
Esta foto foi tirada em dois tempos. Primeiro tirei uma foto com um celular. E mostrei a imagem do menino, que pareceu encantado ao se ver na telinha. Esta foto que você vê agora é exatamente deste momento. Sim, ele está encantado com ele mesmo... Com seu olhar carismático, com sua pureza, com seu sorriso.
Espero que esse sorriso espalhe um pouco desta magia.


FGTS (carta ao meu superego)




Normalmente eu começaria esta carta com um “E aí”, ou “cara”. Mas sei que as suas críticas iriam começar cedo demais. Então vamos lá:

Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 2009

Meu caro superego,

A razão desta carta é simples. Cansei de você.

Sério, nossa convivência já não é mais possível. Sei que você já me ajudou muito, desenvolvendo meu desconfiômetro voraz e evitando uma quantidade enorme de roubadas, micos e afins, mas - depois de mais de três décadas juntos - me sinto seguro para tomar uma decisão: você está despedido.

Todos os seus direitos estão garantidos, FGTS com multa, e tudo mais. E pode levar com você boa parte das coisas que você me fez comprar “pra garantir meu futuro”. Isso mesmo, o seu é que está garantido. Mas longe daqui. Só fico com o apartamento, porque apesar de você sempre ter achado importante eu ter um lugar fixo, estável pra morar, você sempre foi contra este apartamento sem garagem porque era perigoso, com parcelas caras demais e sem elevador pros dias de acidentado ou idoso.

Por sua causa aos dezesseis anos eu entrei em duas faculdades, não fiz cinema logo de cara, comecei a trabalhar e só vi a cor da gandaia mesmo lá pelos vinte e poucos. Eu sei a enorme dose de responsabilidade que você tem pelo meu caminho profissional, mas como disse Pessoa “conheceram-me pelo que eu não era e eu não desmenti”. Não era eu. Era você. 

A gota d’água foi a praia. Trabalhei sempre como um louco, mais de doze horas por dia, e quando resolvi ser dono do meu nariz (arriscando a estabilidade toda que você tanto gostava) tive um fim de semana cheio de trabalho seguido de uma tarde de segunda-feira livre. Claro, fui à praia. Dia lindo, mar tranqüilo em Ipanema e um chato do meu lado dizendo: “você não devia estar trabalhando? Hoje é segunda, são três da tarde. Seu salário não está mais garantido, sabia? No mínimo pega um papel e uma caneta e escreve algum projeto, ideias”.  Juntei meu copo de Mate Leão diet com limão, o saquinho do sucolé e o coco vazio e levei para o enorme recipiente laranja. E vou ser sincero, minha vontade foi te jogar lá também.

Mas não. Não sou ingrato. Por isso te desejo toda a sorte do mundo lá onde você vai morar. Só espero que lá não tenha msn, nem e-mail, e por favor, tudo menos aquele seu celular ligado vinte e quatro horas “pro caso de precisarem de mim”. Ah, e para de ter vergonha pelos outros. Isso cansa.

Vai em paz.  Nem preciso dizer “se cuida” Eu sei que você vai se cuidar.

Ah, o Id deve estar te mandando um abraço. Não sei bem, mas sei lá, parece que está.

Abraço,

Eu

Pinel


No carro. Ouço uma música. Chata. Mudo de rádio. Ligo o ar. Abaixo o rádio. Pego o celular.
_ Liliane, não vou chegar. Parou de vez, deve ter sido acidente. Já desisti, dei meia volta e tô indo pro trabalho na Urca. Peraí que tem guarda.
Abaixo a cabeça pro guarda não me ver.
_ Pode desmarcar sim. Depois ligo com calma pra remarcar, pede desculpas pro Dr.Zé Ricardo.
Olho pro carro ao lado.
_Caramba! Desculpa Liliane, não é com você não, depois ligo, tchau.
Cara, o Tom Cruise tá no carro ao lado. Na Princesa Isabel, perto do túnel. Respiro. Que merda. Pirei.
Olho de novo.
Com a mulher e a filha. A filha chiquérrima que anda de Chanel em Nova Iorque.
Isso, deve ser o Tom Cruise mesmo. E no táxi da frente deve ser o Woody Allen no volante.
Olho pra frente.
Volta pra Urca e trabalha, porra. Já ta estressado mesmo.
Olho pro lado de novo.
Pô, é o Tom Cruise mesmo. Não iam nascer dois desses. É que nem Mega Sena acumulada, só um cara ganha um rosto desses.
Olho pra frente.
Abriu. Segue e esquece.
Leo Jaime no Canecao. Não gosto. Fechou o sinal.
Olho pro lado.
Porra o cara é a cara do Tom Cruise. Bom lugar pra ver coisas. À esquerda o Tom Cruise,  à direita o Pinel. Vou dar seta logo pra direita.
Olho pra frente.
Magnólia. Foi bom. Ele tá com a mesma cara que em Top Gun. Não, não ta não. Só falta virar e estar de tapa olho, com a foto do Hitler na mão.
Andou. Bom, Urca.
Cacete, ele tá me seguindo. Só falta virar dando tiros que nem em Missão Impossível. Deixa ele passar.
Reduziu no pardal da UFRJ. Não é ele.
Ta indo pro mesmo lado que eu. Esquece, tira isso da cabeça.
Ligo o rádio. Desligo.
O cara parou. Na praia. Desceram do carro.
Vou ficar parado aqui, do outro lado da rua. Que nem em filme.
Puta que o pariu, é ele. Brincando na areia com a filha. É ele. Comprou Mate Diet. Não é ele.
Bonita a menina. Linda. Pô, vou lá.
Saio do carro. Vou andando pra lá.
Ele já tá indo embora. Porco, deixou o copo de mate.
Olho pro lado direito. Fotógrafos. Tom Cruise mesmo.
Tom Cruise me escoltou pro trabalho.
Pego o copo de mate, pra limpar a praia.
Volto pro carro, olho pra baixo.
_ O que? Você quer o copo, garoto? Pra jogar fora? Ah, valeu, obrigado!
Entro no escritório.
_ Ver o que? Na internet?
Olho pro monitor.
Puta que o pariu.
Noticia do minuto: Copo de mate de Tom Cruise já vale 5 mil no leilão.

O ó

Uma vez o João Paulo Cuenca passou um desafio: escrever como se fosse alguém completamente diferente. Topei. E resolvi ser uma vítima da moda por alguns momentos. Alguém ligado nas tendências da moda. Definitivamente não sou eu. Mas foi um exercício divertido...


Amanheci um trapo, muito lesada. Mas quer saber, valeu cada minutinho. Festinha absurda, foi tudo e mais um pouco! Badaladíssima, preciso contar tudo a-go-ra, maldade segurar as pérolas só pra mim, né? Mas deixa eu escolher uma roupitcha...

Menina, fiquei bege. Tava todo mundo. Quer saber quem foi: tava a Marta Soares de Lima, a Carlinha Diniz, a Aninha Cunha e Souza, a Gi a Dri a Rê Duarte, a Claudia Andrade, que tava com um vestido horrível e ah, aliás babadôncio, maior bafond, você não sabe! Sabe a Claudia Andrade, então... enfiou o pé na jaca até o joelho, uma coisa. E ela está beirando o cafona de uma tal maneira, que dá um pouco de dó... Muito make, cabelo errado e uma atitude antiga. Sempre soube que era chegada a entornar uma garrafinha, mas dessa vez abalou. Levou um gato in-crí-vel com ela, que eu tinha visto num ensaio de gosto muito duvidoso na minha modesta opinião, na “Djey-kiu” inglesa. Mas deixou o pobre de lado e começou a bebericar e falar atrocidades julgando o estilo de cada uma na festa. Euzinha acho um absurdo este tipo de jugamento. Quando ela falou da Mônica, o lugar veio abaixo, a Mônica querida estava ali, coladinha nela e derrubou a Claudia do salto num olhar. Só sei que sumiram ela e o gato, desapareceram que nem marrom no verão.

Será que coloco este vestidinho? Não sei, meio retrô demais...Mas aí, tava te contando, o lugar tava super mega bem decoradinho, tudo feito pelos meninos do Jorginho. A Teca estava com um vestido lindo... aliás, tô num momento golas, ando obcecada por golas volumosas. E a Cris tava com uma peça fofa, bem cortada, tipo slim, do Van Kisnk, o xodó dos fashionistas ianques. Uma coisa. Aliás será que eu coloco uma blusinha gola alta? Acho que não, muito quentinha...

No melhor da noite voilá, entrou o Pedrinho Siqueira de Carvalho, com um estilo que sei lá. All-Star, sabe o Chuck Taylor (aquele modelo que todo mundo tem), pois é, com um blazer todo florido Lacoste. O crocodilo francês que me perdoe, tudo bem que as flores entraram agora, mas tem que saber usar! Pra começar, precisa ter em mente que as flores viram a parte principal do look, o que não é difícil de conceber. Nanão, precisava combinar algo florido com outra peça de pegada mais rocker, como uma boa skinny e um par de sapatos em couro mais clássicos, tipo derbies, por exemplo, pra dar uma "quebrada" na feminilidade e na suavidade da coisa. Mas deixa. Ah, e o conjuntinho Prada? Não, meio over pra ocasião, né.

Ó, a Gi voltou agora de viagem. Bateu perna de cima pra baixo atrás das últimas. Indiquei pra ela ficar em Williamsburg. Fica no Brooklyn e é lindo lindo lindo. Cheio de cafés, brechós e gente montada. Incrível. Às vezes nem da vontade de ir pra Manhattan de tão bom que é...
Bem, a Gi voltou e a Bia parece que se perdeu, né. Parece que viveu em outro planeta nos últimos trinta anos. Encontrei uns post tenebrosos dela nas minhas garimpagens habituais pelos blogs de moda (é, tô num momento web). Falou uma bobagem sobre o Carl, que todo mundo sabe que é um dos ícones da moda nova-iorquina e o povo enlouqueceu. Já sei: quero usar aquele Camper novo, basiquésimo. Mas meio casual demais, talvez...

O Beto Tavares de Miranda, absoluto como sempre (enorme sim para ele), com a Paulinha (grande não), assassinando o princípio mais básico da elegância: a postura. Sinto um cheiro de separação no ar. Achei, calça Diesel e blusinha branca. Impecável.
Enfim, não tenho paciência pros egos do mundinho. Nem pra tendencinha do momento. Vamos combinar que o tempo é super curto pra ficar analisando a vida alheia. Anyway, do que é que a gente estava falando mesmo?

Volta



Sem você não dá. Não durmo, não me concentro pra fazer mais nada, vou acabar desempregado, endividado, bêbado e jogado pelas ruas. Escreve isso: vão me ver cercando frango nas esquinas da vida. Meio fio vai virar travesseiro, chafariz banheiro. Vou reciclar papelão como cobertor.

Desde que você apareceu na minha vida, e lá se vão dez anos, eu admito que me acomodei. Ganhei barriga – e foi você me fez ganhar gosto pela cozinha com suas dicas -, sei que eu passava horas e horas aqui jogado. Mas era bom demais. Pra que sair, ficar em lugares lotados, com gente chata. Em casa a gente se curtia muito. Nunca me dei conta de como amava as coisas mais simples. Caramba, que saudades.

Dá não. Como é que vou ficar sem suas histórias, sem seus dramalhões exagerados, esquisitices bregas. É sério, não sei ficar sem você. Não tenho muitos amigos pra receber em casa, só de vez em quando eles vinham nos domingos à tarde, mas eu sempre soube que eram mais seus amigos do que meus. Vou me destruir sem você, tô dizendo. Esse papo de focar no trabalho quando se perde alguém é balela, conversa. Nem ler eu leio. Vou chorar um oceano.

Quando me vi sem você eu pirei. Repetia o número no telefone uma, dez, cem vezes. Mesmo sabendo que eu não ia ouvir o que eu queria: sua volta rápida pra casa. A conversa nunca chegava ao fim, nada fazia sentido pra mim. Pior ainda quando eu ficava com a falsa sensação de que um dia você ia voltar. A tristeza se transformava em ódio pelo descaso do outro lado da linha. Me humilhei, me estressei, e nada.

Todo mundo dizia que você já estava ficando meio chata, repetitiva, mas eu ficava como um bobo, atônito, ouvindo tudo o que você me dizia. E bem num momento desses, quando eu estava vidrado em você, você simplesmente se foi. Tudo ficou cinza. Bem na hora do meu seriado favorito...Volta NET, funciona! Volta pra mim!